TRECHO INICIAL DO ROMANCE
Prólogo
O ataque se deu com extrema rapidez! A sombra
projetou-se sobre a vítima velozmente, quase não possibilitando reação! O cais
de madeira, iluminado apenas pela luz do luar encoberta pelas esparsas nuvens
que corriam céleres no vento noturno, rangeu estrepitosamente, quase cedendo ao
peso dos dois homens. Vigorosos, atracaram-se num jogo de forças e de morte!
O agressor, com seus três côvados de altura, era
pesado e forte. Brandiu a faca sobre as costas da vítima, que numa rápida
reação, virou-se a conteve o golpe com ambas as mãos. Em desespero, a vítima começou
a imprecar em voz alta contra o seu agressor, para chamar atenção dos vigias
que se encontravam à entrada do trapiche do cais. Na noite fria, todos haviam
buscado o refúgio acalentador do armazém e, passadiço vazio encoberto pelos
barcos, que balançavam nas ondas provocadas pelo vento fino e cortante, não
possibilitava ver quem estava na extremidade do ancoradouro.
Diante dos gritos, o agressor largou de sua faca,
jogando-a no rio e segurou a vítima pelas golas do gibão, lançando-se em
seguida. Ambos mergulharam nas águas gélidas, girando e revolvendo as águas
turvas do rio sujo, afastando-se do cais.
Giravam e giravam, num frenesi mortal! A vítima,
também forte, encontrava-se combalido por ferimento recente, de luta anterior.
Mas, ali, lutava pela vida e, suas forças foram retiradas do âmago, para conter
o terrível inimigo, que agora queria matá-lo. Fortemente preso às mãos do
assassino, sacou de um punhal que trazia à cintura e tentou esfaquear o
agressor, inutilmente. O forte algoz deu-lhe uma forte cabeçada no rosto,
puxando-o com ambas as mãos. A dor lancinante fez com que esmorecesse de suas
tentativas em golpear o forte homem, largando o punhal.
Percebendo que a vítima perdera a arma, o assassino
largou-o e passou a procurar o punhal nas águas barrentas.
O agredido começou, então a dar fortes braçadas,
tentando voltar ao cais, quando foi contido pelo assassino, que o segurou por
um dos pés. No enorme esforço para desvencilhar-se do bandido, a vítima braçava
febrilmente, quando sentiu uma forte dor na perna esquerda. Fora atingido,
possivelmente pelo próprio punhal que perdera na luta. Levando a mão ao
ferimento, sentiu o calor do próprio sangue, nas águas geladas. Fora gravemente
ferido e o corte era enorme.
Antes de desfalecer, viu outro vulto pular nas águas,
e lutar com o homem entre sons de tiros de pistolas vindos do cais.
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